
Audiência Pública rechaça o fim
da Rádio Inconfidência AM
Conhecida como “Gigante do Ar” por alcançar os 835 municípios mineiros e longínquos rincões do Estado, a Inconfidência AM, fundada há 82 anos , poderá ser fechada por decisão do Governo Zema. Em audiência pública na Assembleia, jornalistas, radialistas, parlamentares, artistas e funcionários da Rádio lotaram o auditório em defesa da emissora. A audiência foi requerida pelos deputados André Quintão, Celinho Sintrocel e a deputada Beatriz Cerqueira à Comissão do Trabalho, Previdência e Assistência Social.
“Por sua História, por sua importância para a Cultura e a Comunicação Pública, por seus trabalhadores e pelos ouvintes em Minas e em diversos cantos do País, a Inconfidência AM não pode ser extinta”, afirmou André. Representando o governo, Solanda Steckelberg Silva, secretária adjunta de Cultura, alegou que a decisão é técnica, mais que econômica, para atender decreto de 2013 que prevê a migração da AM para FM. Ela sustentou que não haverá demissões, mas admitiu um Programa de Demissões Voluntárias (PDV).
Tombamento como Patrimônio Imaterial - A presidenta do Sindicato dos Jornalistas, Alessandra Mello, disse que a entidade luta pelo tombamento da Rádio Inconfidência, “pois ela é, de fato, um patrimônio artístico e histórico dos mineiros”. A sindicalista rebateu as alegações técnicas: “o decreto de 2013 não estabelece a obrigatoriedade de migração hoje e mais de 500 rádios AM permanecem no País. Em 2023, quando o processo de digitalização da TV no Brasil for concluído, será aberta uma banda para encaixar as rádios AM no espectro FM”, explicou. A Inconfidência AM e FM conta hoje com 86 funcionários concursados e 16 comissionados, informou, alertando para o risco de demissões ilegais, abrindo grave precedente.
Os parlamentares aprovaram requerimentos da ALMG ao Governador pedindo a manutenção da Rádio no ar, de todos os funcionários e a criação da Empresa Mineira de Comunicação, com seu Conselho Curador, e do Conselho Estadual de Comunicação. Vão encaminhar, também, ao Instituto IEPHA, o pedido de celeridade no processo para transformar a Inconfidência AM em Patrimônio Imaterial de Minas.
Frente Parlamentar vai defender direitos dos povos tradicionais
Minas Gerais já conta com uma Frente Parlamentar de Defesa dos Povos Indígenas, Quilombolas e Demais Comunidades Tradicionais, que foi instalada na segunda-feira, dia 8, dentro das atividades do “Abril Indígena”, com a presença de mais de 200 indígenas de várias etnias que vivem em Minas. A Frente tem a coordenação do deputado André Quintão e das deputadas Leninha (PT), Andréia de Jesus (Psol) e Ana Paula Siqueira (Rede) e conta com a adesão de 29 parlamentares que subscreveram a Carta de Princípios de sua criação.
André abriu os trabalhos e destacou que a iniciativa foi proposta pelas próprias lideranças indígenas e quilombolas e abraçada pelos parlamentares com objetivo de fortalecer a luta pelos direitos dos povos tradicionais. “Vivemos uma onda de retrocessos gravíssimos. Etnias se tornaram vítimas de ataques que precisam de respostas”, afirmou o deputado, citando a Medida Provisória 870/19, do presidente Bolsonaro. Ela esvazia a FUNAI e transfere ao Ministério da Agricultura, que representa o agronegócio, a demarcação de terras.
Audiências Públicas - André lembrou que o “Abril Indígena” acontece na Assembleia Legislativa desde 2008, em uma história bonita em parceria com o Conselho dos Povos Indígenas, e se consolidou ao longo dos anos, com conquistas relevantes em políticas públicas. Este ano, após a instalação da Frente Parlamentar, duas audiências públicas trataram das lutas dos povos indígenas em Minas e no plano estadual. Lideranças destacaram as ameaças. “Os direitos indígenas na Constituição custaram o sangue de milhares de guerreiros. Uma forma de exterminar a cultura indígena é tirar sua terra, é municipalizar a saúde, tirar a educação de dentro das aldeias”, afirmou o cacique Domingos Xariabá . “A saúde perpassa por várias questões como a territorial e a qualidade da água dos nossos rios”, explicou Alexandre Pataxó. |