29 de outubro de 2019
MANDATO

Comunidades gritam contra a mineração na Serra do Brigadeiro

“Mineração? Aqui, não”! Este foi o grito, repetido dezenas de vezes, por representantes das comunidades e entidades dos municípios do entorno da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata, que discutiram as atuais investidas de empresas para expandir atividades minerárias na região, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos na quarta-feira, dia 23.
A Serra do Brigadeiro, de raras beleza e riqueza naturais, fica no distrito de Belisário, de Muriaé. Entre os municípios afetados estariam também Rosário da Limeira, Ervália, Miradouro, Fervedouro, Pedra Bonita e Divino e outros, todos com forte vocação para a Agropecuária e até Áreas de Preservação Permanentes (APAS) já regulamentadas.

O deputado André Quintão fez coro com os participantes e defendeu o fortalecimento da agricultura familiar, do turismo, serviços e outras atividades econômicas que não deixem Minas Gerais refém da mineração. “Essa luta de vocês energiza nossa alma”, afirmou. Citou também os males decorrentes dos crimes recentes ocorridos em Brumadinho e Mariana, pela Vale e Samarco.

Professor do Instituto Federal de Educação do Sudeste de Minas, Lucas Magno destacou que a Serra do Brigadeiro tem uma das maiores jazidas brasileiras de bauxita, cobiçada pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). “ Se retirarem a bauxita, seria deteriorado um grande patrimônio hídrico, que inclui nascentes que ajudam na formação de rios como o Doce e o Paraíba do Sul. Gilsilene Mendes, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), destacou que a região constitui hoje um polo agroecológico da Zona da Mata, com 70% da produção extraída da agricultura familiar, que ficaria arrasado. Os participantes pediram que sejam oficiados o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente sobre os riscos.

Segundo o frei Gilberto Teixeira, vigário da Paróquia Santo Antônio, em Belisário, os cidadãos que têm se posicionado contrariamente às atividades do setor minerário sofrem com ameaças. O religioso ressaltou, ainda, que a agricultura pode dar à terra um legado rico e fértil. “Não queremos a CBA na região, pois a mineração tem uma safra só e a agricultura é permanente”, enfatizou.

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