Mandato apoia projeto de criação de Cursinho Popular
Começam, nesta segunda-feira, dia 9, as aulas do Cursinho Popular Travessia, em Belo Horizonte, um projeto desenvolvido coletivamente, com o objetivo de apoiar o ingresso de jovens nas universidades. O projeto nasceu da iniciativa da Associação de Moradores do bairro Jardim Felicidade (ABAFE) e do Coletivo de Juventudes Paratodos e já tem a meta de se expandir para outras regiões da Capital. Iniciado em 2019, com foco na redação do ENEM, o Cursinho Travessia já terá neste ano letivo aulas de todas as disciplinas e conta com mais de 20 professores voluntários, dentre eles professores da rede estadual de ensino e estudantes universitários. A primeira turma, com 30 alunos, vai ter aulas de segunda à sexta. O Mandato apoia o projeto, que lança agora uma “vaquinha virtual” para garantir e aprimorar o funcionamento.
A desigualdade dentro dos espaços educacionais ainda é uma realidade em todo o Brasil. A falta de oportunidade e acesso à educação de qualidade, sobretudo em bairros periféricos, dificulta o ingresso, de jovens de baixa renda em universidades públicas. Apesar dos resultados positivos das políticas públicas dos governos Lula e Dilma voltadas à educação, como o sistema de cotas o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (Fies), o cenário atual está longe de ser o ideal. Mais de 65% dos estudantes das universidades federais pertencem aos 40% mais ricos da população, conforme o estudo divulgado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes).
O Travessia foi idealizado há dois anos, por conta da defasagem educacional em Belo Horizonte, mas é uma proposta que vai muito além da busca pela aprovação no vestibular.
“Queremos ver o estudante de baixa renda ocupando as universidades, principalmente as públicas”, conta Gleissiton Gualberto, coordenador do cursinho e militante do ParaTodos. Ele enfatiza, ainda, que o cursinho tem o papel, também, de incentivar a democratização de espaços ligados à cultura e ao saber.
Elisangela Santiago, moradora da comunidade e coordenadora do cursinho, ressalta que, graças à iniciativa, os vestibulandos do entorno do Jardim Felicidade podem se preparar melhor para a maratona de provas do Enem.
“Nosso objetivo era montar o cursinho dentro da periferia, para que as pessoas não precisassem se deslocar de ônibus, pois, às vezes, não há dinheiro para isso, e também, devido às demandas de pessoas que não têm condições de estudar”, explica. Ainda segundo Elisângela, há a ideia, também, de tornar o Travessia uma maneira de disseminar a inclusão digital na comunidade.
O cursinho ainda sofre com carência de material didático e problemas de estrutura. A ideia, segundo Pedro Rosas, coordenador do curso, é contar com o apoio de pessoas simpáticas à causa do Travessia.
“Nossa intenção é apresentar esse projeto para as pessoas, divulgar para que a gente dê continuidade para esse projeto. Por isso, precisamos, desde coisas básicas, como quadro branco e apagador, às questões ligadas ao espaço físico das aulas. Para isso, contamos muito com a colaboração de pessoas que se importam com esse tipo de projeto e estejam interessadas em ajudar”, diz.
Se interessou em ajudar o Travessia? Clique aqui e participe da vaquinha