“Silêncio é uma espécie de confisão de culpa”, afirma o relator da CPI
Engenheiros que atestaram estabilidade da barragem ficaram em silêncio, amparados por Harbeas Corpus do TJMG
Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho desta quinta-feira, dia 2, na Assembleia Legislativa, compareceram os dois engenheiros convocados na condição de investigados – Makoto Namba e André Jum Yassuda – que assinaram o laudo de estabilidade da barragem de rejeitos da Mina do Córrego do Feijão, rompida em 25 de janeiro, deixando o rastro de morte e destruição. Os dois eram funcionários da empresa Tüv Süd, que mantinha contrato com a Vale para a avaliação da segurança de várias barragens. Na CPI, ambos permaneceram em silêncio, amparados por um Hárbeas Corpus concedido pelo desembargador Marcílio Eustáqui Santos, do Tribunal de Justiça.
Para o relator da CPI, deputado André Quintão, o silêncio é uma espécie de confissão de culpa, não contribui para evitar novas tragédias e fortalece o entendimento dos parlamentares sobre o laudo forjado de estabilidade da barragem e de que a Vale conhecia os problemas e não tomou providências.
“A CPI prossegue os seus trabalhos”, disse, citando que já foram ouvidos funcionários da Vale e de empresas terceirizadas, representantes de órgãos públicos, funcionários e técnicos de empresas de auditoria e agora começa a ser ouvida a direção da mineradora. “Vamos fazer um Relatório fundamentado e isento, que tenha as indicações de punição, prevenção e reparação deste crime”, explicou.
A reunião durou toda a manhã, com cada um dos engenheiros se apresentando separadamente, com seu advogado. Foram mais de 50 questionamentos dos parlamentares. “ O sr. trabalharia nas proximidades da Barrabem BI e em qualquer ponto da mancha de inundação sabendo da própria declaração de estabilidade que emitiu? – perguntou o relator a Makoto Namba.