Moro e Dallagnol usaram “métodos completamente corruptos”, diz Glenn
Os diálogos envolvendo o ex-juiz Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e outros membros do Ministério Público de Curitiba provam que ele fizeram uso político da Lava Jato e que praticaram atos “completamente corruptos” sob pretexto de combater a corrupção – afirmou o jornalista Glenn Greenwald, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite de segunda-feira (2).
Greenwald é dono e editor do site Intercept Brasil, que há quase três meses vem divulgando, em parceria com outros veículos de comunicaçãobrasileiros, diálogos do aplicativo Telegram envolvendo os operadores da força tarefa.
Nos diálogos, fica evidenciado, entre outras ilegalidades, que Moro, Dallagnol e demais procuradores agiram em conluio para condenar sem provas o ex-presidente Lula e impedi-lo de concorrer nas eleições de 2018.
No programa, jornalistas, repetindo as alegações frequentes de Moro e da Lava Jato, questionaram Greenwald sobre a autenticidade do material revelado até aqui.
“A autenticidade desse arquivo não está mais em dúvida”, respondeu ele. “Esse jogo cínico que o Moro e Dallagnol estavam fazendo no começo acabou. A questão é como vamos fortalecer o combate à corrupção. Sabemos que temos o ministro da Justiça e o coordenador que usavam métodos completamente corruptos, não em casos isolados, mas o tempo todo”.
Depois, perguntado se a série de revelações não estariam enfraquecendo a Lava Jato, Greenwald voltou a criticar os métodos de Moro e Dallagnol.
“É impossível combater a corrupção com corruptos ou métodos corruptos. Então, acredito, sem dúvida, que o trabalho jornalístico que estamos fazendo não está enfraquecendo a Lava jato, está fortalecendo a Lava jato e o combate à corrupção, porque está levando mais integridade e mais credibilidade”.
Sobre o uso político da Força Tarefa, o jornalista do Intercept lembrou da preocupação de Dallagnol e outros procuradores quando Moro foi convidado para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), revelada num dos primeiros vazamentos.
“[Estavam preocupados] porque iria parecer o tempo todo que ele [Moro] era exatamente o que as pessoas estavam acusando, que ele era uma pessoa da direita, fazendo tudo com motivos políticos”, disse.
Por fim, ele rebateu também a ideia de que a divulgação das ilegalidades da Lava Jato possa beneficiar pessoas que eventualmente tenham cometido crimes.
“Em todos os países, há a mesma regra. Se o Estado comete ações ilegais ao condenar, o processo é injusto. Se corruptos serão soltos, isso não é culpa nossa, que estamos revelando isso, mas dos juízes e dos procuradores”.
Por Brasil de Fato