31 de maio de 2019
CPI DE BRUMADINHO

CPI de Brumadinho: Depoimentos reforçam “jogo de empurra” na Vale para afastar responsabilidades

“Mesmo com o fator de segurança de 1,09, muito abaixo da meta prevista pela própria empresa, com as leituras dos radares, com a tentativa frustrada de reduzir o nível de água através da instalação de drenos profundos, o representante da Vale assinou o laudo de estabilidade da barragem avalizando a auditoria”, destacou o deputado André Quintão, após o depoimento do geólogo César Augusto Grandchamp à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Brumadinho na quinta-feira, dia 30. André considerou “no mínimo, estranha” a explicação de Grandchamp de que assinou o laudo, junto com a auditoria externa TÜV SÜD, por solicitação da Vale, uma vez que a chefia imediata estava sem o titular, e porque ele “confiava nos técnicos” da auditoria.

O geólogo informou que a própria Barragem Bi tinha fator de 1.3 em 2017, nível aceito internacionalmente, e que veio caindo até 1,09, considerado muito baixo.

Relator da CPI, André avalia que os diversos depoimentos de funcionários e executivos da Vale têm, seguidamente, demonstrado um “jogo de empurra” que esconde responsabilidades ao transferir sempre as competências e decisões de uma área para outra. Na quinta-feira,foram ouvidos também Rodrigo Artur Gomes Melo, gerente-executivo operacional;e Ricardo de Oliveira, gerente de Meio Ambiente do Corredor Sudeste da mineradora, com posturas bem semelhantes. André adiantou que os parlamentares da CPI estão convictos da responsabilidade da Vale sobre a tragédia. “Não foi acidente. Era de conhecimento dos altos escalões da empresa a instabilidade da barragem que rompeu e não foi acionado do Plano de Emergência que evacuaria a área e salvaria vidas. A Vale não adotou o princípio da precaução”, afirmou.

André denuncia empresa por acordos sobre áreas que pretende minerar

Na reunião de segunda-feira, dia 27, a requerimento do deputado André Quintão, a
CPI entrou com o pedido da quebra de sigilo dos processos da Vale que tramitam na Agência Nacional de Mineração (ANM). André recebeu a denúncia de que os acordos de indenização já firmados com 21 vítimas do rompimento da barragem, intermediados pela Defensoria Pública, deram-se sobre terrenos que têm jazidas embaixo, com potencial para 430 mil toneladas de minério. A empresa havia pedido autorização para minerar esses terrenos ao antigo DNPM, hoje ANM, e pediu sigilo desse processo em abril último. “Então, se confirmado, esse acordo não é uma indenização, mas uma espécie de compra subfaturada de terrenos onde a Vale tem interesse . Isso pode levar com que os acordos sejam revistos, uma vez que a Vale não informou esse interesse para a Defensoria”, explicou André.

Assista aqui entrevista do deputado André Quintão à Rádio Super sobre a CPI

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