6 de junho de 2019
CPI DE BRUMADINHO

CPI ouve executivos da Vale e especialistas e avança nas conclusões

A ausência do presidente afastado da Vale, Fábio Swartzman, que obteve um habeas corpus para se livrar de depor à CPI de Brumadinho da Assembleia Legislativa, bem como a estratégia de blindagem dos escalões superiores verificada nos diversos depoimentos de funcionários e altos executivos, revelam a intencionalidade da empresa de não assumir suas responsabilidades sobre o rompimento da barragem que causou a morte de quase 300 pessoas. Esta foi a avaliação do relator da CPI, deputado André Quintão, nesta quinta-feira, dia 6, quando estava prevista a oitiva a Swartzman.

Se não ouviu ainda o presidente da Vale, na reunião anterior, dia 3, a CPI teve a presença do segundo na hierarquia da mineradora e já réu no processo de Mariana, o geólogo e diretor de Ferrosos Gerd Peter Poppinga. “Ele manteve a blindagem dos escalões superiores”, disse André, após o depoimento. O executivo transferiu para a área Operacional a responsabilidade pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência e a tomada de decisão sobre o nível do fator de segurança da barragem. André o questionou sobre o não cumprimento das recomendações feitas pela empresa de auditoria Tüd-Süd, que deu o laudo de estabilidade. “A diretoria acompanhava as declarações de estabilidade e sempre fomos informados de que 100% das barragens da Vale tinham laudo de estabilidade”, disse Poppinga. Ele alegou que não conhecia os contratos com as auditoras – só lidava com contratos acima de R$ 100 milhões – e não foi comunicado sobre os vários problemas detectados na estrutura desde meados de 2018.

Os parlamentares ouviram, também, especialistas em construção de barragens: Paulo Teixeira da Cruz, independente, e Paulo Masson, responsável por estudo de geomonitoramento da barragem após o rompimento. Para André, ambos reforçaram o entendimento de que a liquefação – excesso de água na barragem – pode ter sido a causa principal do rompimento. A Vale tinha conhecimento disso, já que iria instalar, por recomendação da Ted-Sud, 30 drenos horizontais profundos, mas teve problemas ao instalar o 15º e paralisou a retirada de água. “Ela paralisou a obra e não tomou providências, colocando em risco a vida das pessoas”, acusou.

Parceria com a CPI do Congresso – Também nesta semana, a CPI teve reunião com parlamentares da CPI da Câmara dos Deputados, visando um intercâmbio maior de informações. No próximo dia 17 de junho, a CPI ouvirá outros dois executivos do alto escalão da mineradora: Lúcio Carvalli, diretor de Planejamento, e Silmar Silva, diretor de Operações.

 

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