1 de agosto de 2019
CPI DE BRUMADINHO

Vale sabia de problemas e não orientou funcionários, diz relator de CPI

Segundo André Quintão, CPI já tem elementos para concluir relatório sobre barragem

Em mais uma oitiva, membros da CPI ouviram o técnico em eletro-eletrônica da Vale, Moisés Clemente | Foto: Fred Magno

O relator da CPI da Barragem de Brumadinho na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado estadual André Quintão (PT), afirmou nessa quinta-feira (1º) que a comissão já tem elementos suficientes para consolidar o relatório final dos trabalhos. Segundo o parlamentar, as provas e depoimentos prestados apontam que a mineradora Vale sabia dos problemas da Barragem que se rompeu e não orientou devidamente os funcionários sobre o plano de emergência em uma possível evacuação. 

Em mais uma oitiva, membros da CPI ouviram o técnico em eletro-eletrônica da Vale, Moisés Clemente, que atuava na manutenção das bombas responsáveis por retirar água da Mina de Córrego do Feijão. Em seu depoimento, o funcionário afirmou que não sabia que, em caso de rompimento, os rejeitos chegariam ao refeitório da empresa em até 60 segundos. Clemente pontuou também que meses antes da tragédia, o refeitório foi transferido para uma outra área, segura e fora da rota da lama, dentro do complexo da empresa, para que o refeitório que acabou sendo destruído na tragédia fosse reformado. 

Clemente disse ainda que observou um excesso de água na barragem, fato que pode ter contribuído para que ela se rompesse em janeiro deste ano. “O incidente ocorrido em junho de 2018 foi grave, um fraturamento hidráulico, vazamento de água na barragem. Houve um mutirão de trabalhadores de várias áreas para tratar desse evento. Não foi um evento simples como a Vale quis dizer inclusive aqui nessa CPI”, pontuou Quintão.

Em certo momento do depoimento, Moisés Clemente se emocionou ao contar que outro colega de trabalho, portador de deficiência física, morreu na tragédia. Segundo o funcionário, o amigo se chamava João Paulo e até meses antes da tragédia o posto de trabalho dele era em uma área segura, longe do rastro da lama, entretanto ele foi realocado para as proximidades do refeitório, que foi completamente destruído. Clemente chorou ao contar a história e a sessão foi interrompida por alguns minutos. 

Desde que foi criada, a CPI tinha 120 dias para apresentar uma conclusão. O prazo já venceu e foi prorrogado em 60 dias. Com isso, a previsão é de que comissão encerre os  trabalhos no dia 14 de setembro.

Fonte: Jornal O TEMPO

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